domingo, 24 de outubro de 2010

Será que eu posso votar em Portugal?

Encontrei o partido político do qual eu gostaria de ser filiada (ao menos, por enquanto, enquanto os egos não crescem...)...concordo plenamente com as palavras de um dos criadores do partido, em entrevista que encontrei no site animalia.pt, um site de defesa animal em Portugal...estou colocando a entrevista na íntegra aqui, pois gostei muito e diz tudo o que penso com relação à proteção animal de um modo bem menos rebelado que eu...

Partido Pelos Animais: Realidade ou Utopia?

2009-08-01
O projecto é muito real e conta já com o apoio de muitos voluntários e de várias figuras públicas, nacionais e internacionais, nomeadamente de Sua Santidade o Dalai Lama. Para já a recolha de 7500 assinaturas de cidadãos eleitores é essencial para formalizar a inscrição do partido junto do Tribunal Constitucional, mas Paulo Borges, membro da Comissão Coordenadora do Partido Pelos Animais (PPA), faz uma projecção das actividades do mesmo e explica, especialmente aos mais cépticos, a viabilidade de uma ideia que surgiu da amizade entre pessoas... E animais.

AnimaliaComo é que surgiu a ideia de formar um novo partido e de o relacionar tão intimamente com os animais?

Algumas das pessoas que estão neste momento na comissão coordenadora do Partido Pelos Animais foram-se conhecendo no decurso de petições apresentadas por cada um de nós. O António Santos, que é o actual Presidente da Associação Desenvolvimento Natura, fez uma petição contra o uso de peles pela estilista Fátima Lopes nas suas criações. O Pedro Oliveira fez uma petição contra o massacre dos golfinhos no Japão, que já juntou cerca de 1.300.000 assinaturas. Eu apoiei uma petição não directamente relacionada com os animais mas contra a opressão que sofrem os tibetanos, por altura dos Jogos Olímpicos do ano passado. Enfim, conhecemo-nos basicamente por apoiarmos as petições uns dos outros e acabámos por constatar que talvez fosse importante, em termos de estratégia, criar um partido político que fosse a voz de todos os que (particulares e associações) defendem os direitos dos animais e a protecção do ambiente. E que defendesse também um outro paradigma mental que consideramos ser importante no início deste 3º milénio: as pessoas têm de mudar a forma como se relacionam com a natureza e com os seres vivos, incluindo o próprio Homem. Este partido não pretende de forma alguma ser monotemático. A ênfase que damos aos direitos dos animais deve-se ao facto de estes serem, regra geral, os mais desprotegidos.

AnimaliaConsideram então que, dentro dos partidos que existem actualmente no nosso país, os direitos dos animais não são considerados?

As nossas petições tiveram o apoio de pessoas de todo o leque partidário português. O que constatámos foi que, apesar de a protecção dos direitos dos animais estar contemplada nos programas de alguns partidos, nomeadamente do Partido Ecologista “Os Verdes” e do Bloco de Esquerda, na prática muito pouco ou quase nada tem sido feito pelos mesmos em prol dos animais. Mesmo quando aparece, a causa animal está sempre muito diluída noutros assuntos considerados mais importantes. Daí a necessidade de tornar esta questão num alvo central. Não que consideremos que esteja sempre acima de outros interesses, nomeadamente os dos homens, mas achamos ser necessário um partido que tenha em igual consideração os interesses dos animais humanos e não humanos.

Partimos do princípio de que todos os seres vivos têm o mesmo interesse fundamental: viverem a experiência do prazer, do bem-estar ou da felicidade e evitarem a dor. O que pretendemos é que haja uma sociedade orientada e organizada para que possamos, nós, todos os seres sencientes, atingir o mais possível este objectivo.

AnimaliaNa prática, em que se distinguirão as acções do Partido Pelos Animais daqueles já existentes?

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Isso está neste momento a ser alvo de discussão entre todos nós e é precoce desenvolver esse assunto, já que estamos a juntar especialistas nas diversas áreas para estabelecermos objectivos muito concretos. De qualquer modo, o fundamental é consagrar na Constituição da República Portuguesa o direito de todos os seres sencientes à vida e ao bem-estar. A partir daí serão possíveis alterações jurídicas de fundo, que criminalizem os maus tratos e os atentados à vida dos animais. A par de uma campanha pedagógica, há muita coisa a mudar para acabar com os autênticos campos de concentração para animais da pecuária intensiva, bem como no modo de serem transportados, na desnecessária experimentação científica de que são vítimas, nas condições miseráveis em que se encontram em muitos canis municipais. Há que considerar crime abandonar os animais de companhia. Há que reduzir e suprimir o uso das peles no vestuário. Há que reduzir as taxas que incidem sobre os produtos de origem vegetal e biológica e promover a divulgação de alternativas alimentares vegan-vegetarianas. As consultas e os medicamentos veterinários devem ser comparticipados e dedutíveis no IRS. A esterilização dos animais domésticos deve ser gratuita e deve-se pôr fim à massiva eutanásia de animais saudáveis.
Em termos da natureza e do ambiente há também que promover um real desenvolvimento sustentável, ensaiar e progressivamente privilegiar modelos de desenvolvimento alternativos, que preservem a diversidade cultural, biológica e ecoregional. Deve-se substituir quanto possível as energias não-renováveis (petróleo, carvão, gás natural, energia nuclear) por energias renováveis e alternativas (solar, eólica, hidráulica, marmotriz, etc.), superando a vulnerabilidade e as dependências de uma economia baseada no petróleo e nos hidrocarbonetos.
Um problema planetário é o do aquecimento global, que pode ter como uma das principais causas todo o processo implicado na produção de carne. Considerando a desflorestação para pastos, o consumo de água e os custos não compensados de tudo isso, torna-se evidente que, além de ser uma violência injustificável para os animais, a alimentação carnívora não é um bom negócio para o homem, em termos ambientais, económicos e de saúde. Todos perdemos, em troca do lucro egoísta dos grandes produtores. É essencial que as pessoas tomem consciência desta realidade.
Por outro lado, há que fiscalizar o cumprimento da legislação existente, embora limitada, o que se torna mais premente no que respeita aos animais. Sabemos que muitas denúncias feitas ao SEPNA (GNR) não têm qualquer consequência, por insuficiente motivação e eficácia das autoridades policiais e jurídicas. Há uma cultura da impunidade quando se trata de ofensas a um animal. Temos de lutar por uma melhor integração dos animais na nossa sociedade, visando o seu bem-estar e, consequentemente, o nosso.

AnimaliaConsideram-se um partido de extrema-esquerda, esquerda, centro...

Não somos um partido extremista, nem nos podemos situar na direita, no centro ou na esquerda, categorias cada vez mais anacrónicas. Somos um partido inteiro, que pretende que se estabeleça um equilíbrio para que todos, e não apenas alguns, possam atingir os objectivos que nos tornam felizes, sem prejudicar os outros seres vivos.

Gostava de salientar que um dos princípios do partido é a não-violência, não só física mas também verbal e mental. Não pretendemos afirmar-nos pela negativa. Não vamos lutar contra os outros partidos. Gostávamos inclusivamente de contribuir para que estes incluíssem na sua agenda política a causa do ambiente e dos animais e fazer algo de concreto por ela. Se isso lhes trouxer votos tanto melhor, desde que os problemas nestas áreas sejam de facto resolvidos. O que nos importa acima de tudo é que estas causas e tudo o que com elas se relaciona se tornem cada vez mais presentes nas referências da população portuguesa, que integrem a sua ordem de valores. Nesse sentido sabemos que temos muito trabalho pela frente, sobretudo de carácter cultural e pedagógico. Temos de formar as mentalidades e as sensibilidades para verem as coisas de outra forma. Precisamos essencialmente de passar informação às pessoas, já que acreditamos que é a ignorância de grande parte da população em relação a estes assuntos, e não o facto de as pessoas serem intrinsecamente más ou cruéis, que as faz desconsiderar que estão a lidar com seres vivos que são sencientes e que não se justifica tratá-los como coisas. Para isto não são necessárias acções espectaculares ou provocatórias, mas sim uma postura o mais responsável, científica e construtiva possível.

AnimaliaPorquê começar este projecto agora?

Por um lado aconteceu que se constituiu um excelente grupo de trabalho com objectivos comuns. Por outro lado, começámos a constatar que a ideia gerava muito entusiasmo entre as pessoas a quem a expúnhamos. Sentimos ainda que existe actualmente um grande descrédito em relação aos partidos existentes, quer em relação àqueles que têm estado alternadamente no poder, quer aos que têm estado sistematicamente na oposição. Isto revela-se pelo crescente número de abstenções e pelo crescente número de votos em branco. Ou seja, há muitas pessoas que se dão ao trabalho de ir votar, reconhecem que é um direito e um dever, mas não conseguem optar por um partido que as represente. Para estas e para os abstencionistas talvez seja necessário um partido novo que tenha objectivos diferentes daqueles que existem actualmente. Estamos a chegar a um momento crítico em que há como que um esgotamento de um determinado paradigma mental e civilizacional, que tem obviamente uma expressão social, política e económica. É um tempo que está a chegar ao seu fim, já que nos arriscamos inclusivamente a um colapso violento das estruturas dominantes e temos de arranjar alternativas a este panorama.

AnimaliaQue dimensão pensa que pode atingir o PPA?

Isso para nós é neste momento uma incógnita. Sentimos que é um projecto muito recente e ambicioso, em que um elemento algo inédito e até excêntrico pode cativar um grande público, que habitualmente se auto-exclui da política, e reverter a nosso favor. Podemos ser uma alternativa para aquelas pessoas que não se revêem em nenhum dos partidos que existem actualmente, nem no “sistema” dominante. Podemos motivá-las e sensibilizá-las com a nossa proposta, que consideramos ser a única que não se integra no actual sistema. Assim, estamos convencidos que podemos atingir e mobilizar muita gente, embora a intenção deste projecto não seja de todo a busca do poder pelo poder. Se assim fosse ter-nos-íamos inscrito num dos grandes partidos, aqueles que deixam sempre tudo na mesma. A nossa motivação não é essa. Claro que o nosso grande objectivo, a partir do momento em que concorramos às eleições, será ter representação no Parlamento. Não prevemos qual o nível que esta possa atingir, mas o importante é estarmos presentes e dar voz aos que a não têm.

Fonte: http://animalia.pt/canal_detalhe.php?id=512

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Renascimento...

Estava vendo uma reportagem a respeito dos 33 mineiros presos a 700m de profundidade no Chile...eles devem estar sendo resgatados agora, depois de 68 dias!!! É tão incrível pensar nisto tudo, no significado deste salvamento para eles e para as famílias que as próprias equipes de resgate estão chamando de "PARTO", pois vai ser retirado 1 de cada vez dentro de uma cápsula!!! É muito louco!!! Fico emocionada de imaginar o que eles não vão sentir naqueles minutos entre a entrada na cápsula e a saída do fundo da terra!!! Vão literalmente ver a luz e as pessoas que estão ajudando na operação, e a família, como um verdadeiro nascimento! Isto me faz lembrar um outro caso incrível que vi na TV...uma americana estava morando na Indonésia, trabalhando como instrutora de mergulho, quando ocorreu o Tsunami após o Natal de 2004...ela estava dormindo numa cabana onde morava e disse que acordou com um barulho que ela não podia imaginar o que fosse, pois era como um rugido muito alto...ela levantou e abriu a porta para ver, e só lembra de ver um "muro marrom" muito alto (onda com lama...)...ela foi arrastada com toda a cabana, desmaiou e ficou algum tempo sendo levada pelas ruas mergulhada naquela super onda...até que ela acordou, percebeu que estava submersa naquele "liquidificador" com pedações de tudo que tinha na cidade, sentiu arames farpados rasgarem as costas dela e desejou morrer...e sentiu como se alguém tivesse dito para ela "agora não" e, não sabe como, foi arremessada para fora da água! Quando ela emergiu, deu uma longa e profunda inspirada no ar, e percebeu que poderia sobreviver...a onda "largou" ela em cima do telhado de uma casa, onde ela pode ver que as pessoas que estavam vivas estavam se refugiando...já haviam helicópteros resgatando as pessoas ilhadas nos telhados, e após algumas horas resgataram ela. Depois disto, ela só lembra de ter acordado quase 1 semana depois! ela precisou sofrer dezenas de cirurgias, pois estava "destruída"...teve infecção generalizada por causa dos cortes, várias fraturas...mas sobreviveu! E melhor! Acordou com um buquê de flores entregue por um cara que ela tinha uma história antiga e que fazia alguns anos que não via...ele, morando nos EUA, ficou sabendo do desastre, sabia que ela morava lá e não pensou duas vezes...foi para a Indonésia procurar ela! Levou dias procurando, pois ela não tinha documentos, e os resgatados estavam espalhados em centenas de hospitais de diversas cidades e até mesmo de outros países! Mas ele achou ela, ela ficou super bem e hoje são casados e vão todos os anos prestar homenagem aos mortos (estimados em mais de 300 mil!) no "aniversário" do desastre...
Eu adoro estas histórias!!! Sei que são trágicas, não desejo isto para ninguém, mas acho um aprendizado de fé, confiança e esperança tão incríveis e indiscutíveis!!! Me sinto muito mais protegida por saber que "se não é a hora, a pessoa não morre"...isto me permite voar de avião...do contrário, ninguém me enfiaria naquela coisa!!!

Transformação...


Hoje fui assistir o filme "Comer, Rezar, Amar" baseado no livro de mesmo nome de uma escritora americana, personagem central da história...bom, digo isto para o caso de alguém no mundo ainda não ter ouvido falar nele, visto que foi um dos "Best Sellers" do ano passado ou retrasado, não lembro...eu não cheguei a ler o livro, por simples esquecimento, pois tinha amigas que tinham e me emprestariam, mas fui deixando para outra hora, que ainda não chegou.
Como já faziam uns 5 meses que não ia no cinema, e vivia combinando com uma amiga aqui em Aveiro de ir algum dia, resolvi ir ver este. Resumidamente, foi ótimo. Não só o filme, mas o sentimento que ele me proporcionou...(talvez sempre seja isto que faz a gente gostar ou não de um filme, não tinha pensado nisto ainda...). Eu me identifiquei muito com a personagem/autora. Mas fiquei super orgulhosa de mim de perceber que com muito menos sofrimento e muito menos comprometimento (no sentido de não ter sido necessário me  "desfazer" de tudo como ela), eu consegui fazer a mesma "viagem" em busca de mim mesma, do meu equilíbrio, da minha verdade e da minha "palavra", como ela usa no livro...ainda não finalizei meu ciclo, repetidamente me vejo repensando e revendo minhas escolhas, mas já atingi o que acredito ser o mais importante nesta busca: eu SEI o que EU QUERO da minha vida. Tenho muito sólido no meu coração e na minha mente quem EU SOU, o que EU GOSTO, o que EU NÃO GOSTO, o que EU BUSCO, o que EU PERMITO e o que NÃO PERMITO...eu conheço a "minha palavra" (sempre soube, mas achava que podia estar exagerando...hoje tenho certeza): TRANSFORMAÇÃO! 
Pensei muito se escrevia isto ou não, se era tão sincera aqui ou não...mas isto foi uma das transformações que tenho feito em mim mesma...deixar de me preocupar com o que os outros pensam de mim! Sempre, em toda a minha vida, estive preocupada em ser aceita, em ser aprovada, em ser admirada pelos outros...a única coisa que consegui com isto foi reprimir muito os meus sentimentos e deixar de falar ou mostrar o que eu sinto de verdade para muita gente, principalmente as que mais amo e mais me importo...porquê? Medo de decepcionar...na minha mente, após algum tempo de terapia, eu consegui achar uma boa explicação para isto...não sei se é de todo este o motivo, pode ser apenas um detalhe, mas acho bastante relevante...o meu pai morreu quando eu tinha 6 anos...na época, minha mãe tinha 28 anos (!) e eu tinha mais dois irmãos menores (um de 4 e o outro com 2 anos...). Obviamente foi um fato trágico e determinante na minha vida, e passei décadas tentando trabalhar isto dentro de mim, pois por mais de 20 anos eu simplesmente não aceitava a morte do meu pai ("esta" transformação é uma outra história...um dia escrevo sobre ela...). Mas o mais incrível, e que consegui finalmente perceber há alguns anos atrás, durante uma terapia, é que a minha única recordação "viva" do dia do velório e enterro do meu pai foi um momento em que uma tia minha me pegou no colo e passeou comigo pelo velório e pelo cemitério, conversando...e ela me disse uma coisa que eu nunca tinha percebido a "gravidade" e a "seriedade" que teve para o resto da minha vida...ela disse que eu "era a irmã mais velha e a única mulher, e que portanto, eu tinha que ajudar a minha mãe a criar os meus irmãos e não dar trabalho para ela, que eu tinha que ser uma boa filha porque a minha mãe já tinha sofrido demais" !!!!! Nossa! Cada vez que me lembro disto agora me arrepio! Consegue perceber a dimensão disto para uma criança de 6 anos? Aquilo determinou as minhas decisões ao longo da minha vida! E, sinceramente? Não acho que fez a minha mãe sofrer menos...acho que o único impacto real foi em mim, que sempre me cobrei demais e sempre sofri quieta no meu canto para não magoar a minha mãe...talvez até tenha tido um impacto tão negativo nos meus irmãos quanto em mim, coitados, pois virei uma chata, tentando ser uma segunda mãe para eles (acho que na minha cabeça eu estava ajudando a minha mãe com a tarefa dela...), mas para eles era mais uma controlando e criticando...acho que por isto também me tornei tão crítica! Nossa, eu admito, sou uma "mala"! (como aliás, é meu apelido por parte do meu irmão caçula...). Eu sou a pessoa mais crítica do mundo! Primeiro comigo...nunca estou suficientemente bem para mim...e depois, os outros...estou sempre ressaltando os defeitos dos outros (nos meus pensamentos...a maioria das vezes não falo a respeito, mas este é um comportamento que decidi ter, pois ainda não estou convencida se existe algum benefício em ficar apontando os defeitos...poucas vezes tentei em questões "menos sérias" e só consegui provocar raiva e nenhuma mudança positiva...ainda preciso aprender o que fazer com estas críticas...)...não que eu não enxergue as qualidades dos outros! Pelo contrário!...enxergo, admiro, respeito, me emociono...mas sempre coloco um "mas" no fim do raciocínio...fico admirada sempre que me lembro da minha tia me falando aquilo no enterro e de quanto isto foi marcante para mim. Tenho absoluta certeza de que ela jamais falaria aquilo se pudesse imaginar o efeito disto na minha vida! Ela falou com a melhor das intenções, acho até mesmo que mais para tentar me distrair naquele momento e inventar um assunto comigo, me dando uma responsabilidade para eu me sentir importante do que qualquer outra coisa! Mas por esta experiência percebo a importância de cada palavra e sentimento que passamos para as crianças hoje em dia...provavelmente a minha tia nem lembra que falou aquilo para mim 28 anos atrás! Mas para aquela criança de 6 anos, sofrendo a morte do pai, sofrendo por ver o sofrimento da mãe e de todas as pessoas que ela amava, o estabelecimento de uma responsabilidade daquelas foi extremamente forte, e talvez realmente tenha me feito parar de chorar naquele dia...hoje penso muito bem no que falo para os meus priminhos pequenos e sobrinhos (mesmo estes sendo ainda bebês! vai saber o que eles compreendem!?)...a percepção disto tudo também foi um momento crítico de transformação na minha vida...percebi isto em um momento de estagnação de um namoro, decepções com várias amizades, problemas no pseudo emprego que tinha e ainda uma briga/separação na minha família...sem entrar em detalhes sobre tudo que percebi de cada um destes episódios, dei uma volta por cima derrubando tudo que era falsamente sólido...terminei o namoro, pedi demissão, me afastei dos "amigos" e "dei um tempo" com a família...parece um drama! Mas não foi...foi a minha grande transformação!...nunca antes eu havia me importado tanto comigo! Aquela briga de família foi um soco no estômago para me fazer crescer a força, pois percebi que nada, NADA na vida é totalmente sólido e de confiança! Sempre achei que minha família fosse! Achei que era perfeita, dentro da possibilidade de perfeição de uma família (considerando discussões e pequenas divergências totalmente normais, e quase caricaturais...). Mas vi que não era...nem perfeita, nem estável, nem segura...achei que aquele namoro seria o último (pois achei que iria casar finalmente...)...achava que trabalhava no lugar dos meus sonhos com meus melhores amigos...até cair na real e ver que nem tudo é o que parece...tá, admito que precisei tomar anti-depressivos por 4 meses (apenas para perceber que o que tinha não era depressão, mas tristeza...)...e que sofri muito (nenhuma transformação é fácil, eu nunca disse que era...)...mas foi um dos momentos mais importantes da minha vida! Desde então, eu descobri uma coisa sobre mim que sempre soube mas que não tinha ainda escancarado para os outros...eu JAMAIS vou me submeter à falsidade e à falta de caráter! Eu sou capaz de abrir mão dos meus sonhos, de grandes conquistas que já tenha conseguido e das pessoas que amo se precisar trabalhar, conviver ou compactuar com gente sem caráter! Simplesmente nasci sem estômago para isto! (esta característica me lembra muito meu avô Hermes e minha mãe...e tenho orgulho deles por isto!). E a partir daquele momento, isto se tornou uma bandeira para mim...e os fatos decorrentes me mostraram que muitas vezes na minha vida vou chegar nesta encruzilhada de novo, pois pessoas sem caráter sempre vão entrar no meu caminho, e vou ter que decidir como seguir em frente...a partir daí, já abandonei diversos sonhos pelo mesmo motivo...mas não me arrependo de nada, pois sempre encontrei uma porta aberta para algo muito mais especial para mim! Nunca foi fácil, sempre é dolorido, principalmente a decepção com as pessoas que eu confiava...mas estou aprendendo a não esperar tanto das pessoas...sempre achava que meus amigos eram especiais, até ver do que eles eram capazes...ficava sem chão, achando que nunca mais poderia confiar em ninguém...confesso que este ainda é um dos aprendizados que preciso aperfeiçoar, porque tenho uma tendência de "me encantar" pelas pessoas que tem algo em comum comigo de início, e quando vou conhecendo a pessoa e me decepcionando com algumas peculiaridades da sua personalidade, sofro além do necessário...
Pode parecer muito arrogante e convencido da minha parte, mas realmente acredito que vim ao mundo para "Transformar"...a mim e aos outros! Acredito que todas as pessoas que conviveram verdadeiramente comigo foram mexidas por mim...nem sempre da melhor forma...hoje eu penso que é justamente o meu jeito de viver tudo tão intensamente, falar muito, fazer muito, pensar muito e tomar decisões muito fortes, é que acabo por fazer as pessoas se exporem mais...é inevitável as pessoas se mostrarem de verdade quando eu entro na vida delas, porque de certa forma eu forço isto ...eu faço com que tenham que se posicionar, e portanto, mostrar sua verdadeira cara! E nem todo mundo gosta disto...principalmente as pessoas que tentam esconder seu lado ruim...isto me fez criar muitos "inimigos" ao longo da vida...é incrível, pois quanto mais penso nas pessoas que hoje me odeiam, mais me dou conta que eram pessoas que me adoravam! Acho que a decepção delas comigo, por eu desistir delas ou expor o que não gostava nelas, foi justamente o que fez elas me odiarem...enfim...isto ainda me entristece, pois nunca foi minha intenção criar atritos com as pessoas, mas o que me deixa com a consciência tranquila é que só criei atritos com pessoas que não respeitam os outros e passam por cima de quem for para conseguirem o que querem...e destas, não vou sentir falta...(aproveito para pedir desculpas à todos aqueles que magoei ao longo da minha vida, consciente ou inconscientemente, pois hoje percebo que a gente cria mágoas nas pessoas que esperavam algo diferente de nós...e nem sempre podemos ser aquilo...). Por outro lado, tenho orgulho em dizer que transformei muitas pessoas para melhor...não no sentido de terem virado pessoas melhores por minha causa, não sou tão pretensiosa, mas por terem se tornado pessoas mais felizes e menos exigentes consigo mesmas! Acredito que meu amor por pessoas que sofrem exageradamente (porque será que me atraio por gente assim?...) e minha paciência e carinho para mostrar para elas o quanto se punem sem necessidade, é que consegui algumas vitórias neste sentido...e o que fiz para isto? Nada demais...simplesmente contei a minha própria história...